Eu POSSO mudar

O problema do lixo plástico nos oceanos

Lixo plástico nos oceanos

O lixo plástico nos oceanos é um assunto delicado e preocupante. Se nada for feito muito em breve haverá mais lixo plástico nos oceanos do que peixes. Nessa publicação vamos entender melhor sobre o que está acontecendo e o que cada um pode fazer para diminuir a produção de lixo.

O material plástico, surgido e desenvolvido no século 19, foi uma descoberta revolucionária, que hoje está em praticamente tudo que vemos a nossa volta. É impossível negar a importância e a utilidade desse material no mundo moderno e no nosso dia-a-dia. Mas também não podemos fechar os olhos para o problema do lixo plástico nos oceanos.

Está em nossos carros, computadores, celulares, brinquedos, televisões, eletrônicos, eletroportáteis, eletrodomésticos, utensílios de cozinha, ferramentas, entre tantos outros que a lista seria imensa. Esses são bens duráveis.

Materiais plásticos de uso único

O problema começa quando pensamos nos descartáveis, como as garrafas PET, plástico filme, sacolas, canudos, copos, pratos, talheres, e as embalagens em geral. É esse plástico que acaba nos oceanos e está assombrando o mundo.

O problema não é de hoje. É assunto recorrente faz muitos anos. A cada ano que passa a situação se agrava

Estimativas assustadoras

Conforme estimativas de vários órgãos e institutos ligados ao meio ambiente, a cada ano, somente nos oceanos, são despejados mais de 10 milhões de toneladas de plástico. Se nada for feito, em poucos anos espera-se que exista mais plástico nos oceanos do que peixes.

É tanto lixo plástico sendo despejado nos oceanos que já existem ilhas enormes, com dimensões maiores do que muitos países, compostas apenas por esse lixo. As duas principais ilhas formadas por lixo estão no Oceano Pacífico e no Atlântico Norte. Elas se formaram devido as condições das correntes do oceano que acabam levando e concentrando o lixo nessas regiões.

Vida marinha ameaçada

O problema vai muito além das questões estéticas, da sujeira e da contaminação. O mais triste é o que está acontecendo com os animais que tem contato com esse lixo, tanto animais marinhos como aves.

Os animais confundem o lixo com alimento. Aves comem pedaços menores de plástico. Baleias engolem copos. Tartarugas comem as sacolas plásticas achando que são águas vivas. São inúmeros os casos de animais mortos por causa de asfixia, problemas digestivos, ou mesmo de fome, pois enchem seus estômagos com plástico que não é digerido, não conseguindo se alimentar até morrerem.

Estima-se que atualmente 90% das aves marinhas possuem fragmentos de plásticos no estômago e este material é responsável pela morte de mais de um milhão delas todos os anos.

Microplástico

Outra preocupação é que grande parte do volume de lixo nos oceanos é de microplástico, que acaba se tornando parte do ecossistema. Plânctons e pequenos crustáceos se alimentam dessas partículas e são intoxicados. Depois passam a intoxicação adiante quando são comidos por pequenos peixes, peixes maiores, mamíferos, e assim por diante, até chegar aos humanos.

Se nada for feito, em poucos anos espera-se que exista mais plástico nos oceanos do que peixes.

O caminho do lixo plástico até os oceanos

Pois é, você deve estar se perguntando: mas como que as sacolas plásticas, as embalagens, os canudos do meu lixo vão parar no oceano? É incrível pensar nisso e vamos analisar algumas maneiras como isso acontece.

O plástico não é separado e reciclado

Uma das formas do plástico parar nos oceanos é não sendo separado para a reciclagem. O plástico que vai para a lixeira acaba no caminhão que leva para o aterro sanitário. No meio do caminho o plástico que é mais leve acaba caindo na rua, depois levado pelo vento e pela chuva até o esgoto pluvial, então aos rios e chegando até o oceano. Mesmo o lixo plástico que chega aos aterros pode ser levado pelo vento, chuva, animais, pessoas, e chegar aos leitos dos rios ou as redes de esgoto.

O lixo que é depositado na rua

Se o lixo é depositado na rua, os animais podem revirá-lo, os catadores podem abri-lo, depois o vento e a chuva se encarregam de transportar até os esgotos, e se repete o caminho que listamos no item anterior.

O microplástico que você nem vê

Esse é um problema bem mais complicado, pois você nem imagina, mas os itens plásticos que utilizamos liberam micropartículas e fibras quando os lavamos. Essas partículas vão pelo ralo e para o esgoto. Os microplásticos e as fibras são pequenos demais para serem filtrados pelos sistemas municipais, o que significa que eles passam pelos centros de tratamento e vazam diretamente nos rios, lagos e oceanos.

Lixo despejado diretamente no mar

É muito triste, mas por incrível que pareça, despejar esgoto sem tratamento diretamente nos rios e mesmo nos mares ainda é uma prática comum. Cientistas analisaram o caminho do lixo do rio para o oceano aberto e descobriram que apenas 10 sistemas fluviais do mundo transportam 90% dos plásticos que acabam no oceano. Oito deles estão na Ásia: o Yangtze; Indus; Amarelo; Hai He; Ganges; Pérola; Amur; Mekong; e dois na África: o Nilo e o Níger.

O Brasil e o lixo plástico

Conforme o relatório “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização“, resultado do estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês), apresentado em março de 2019, o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, produzindo anualmente mais de 11 milhões de toneladas, atrás somente de Estados Unidos, China e Índia.

Para piorar um pouco mais a situação, ainda conforme o estudo, o Brasil também é um dos países que menos recicla este tipo de lixo: apenas 1,2%, o que representa 145.043 toneladas do que é produzido.

Cada brasileiro produz em torno de 1 Kg de lixo plástico semanalmente. Do total do lixo plástico produzido, 7,7 milhões de toneladas ficam em aterros sanitários e 2,4 milhões de toneladas são descartadas de forma irregular. Mais de 1 milhão de toneladas não é nem recolhida no país.

Sobre a WWF

A WWF é uma das maiores e mais experientes organizações independentes de conservação, com mais de 5 milhões de apoiadores e uma rede global ativa em mais de 100 países.

A missão da WWF consiste em impedir a degradação do ambiente natural do planeta e em construir um futuro no qual seres humanos vivam em harmonia com a natureza, conservando a diversidade biológica do mundo, garantindo que o uso de recursos naturais renováveis seja sustentável e promovendo a redução da poluição e do consumo predatório.

Despejar esgoto sem tratamento diretamente nos rios e mares ainda é uma prática comum.

Legislação brasileira contra o plástico

O Brasil tem se movimentado a favor de leis contra o material plástico de uso único como canudos, sacolas, copos, pratos, talheres, agitadores para bebidas, entre outros. Vários projetos estão sendo debatidos nas esferas municipais, estaduais e federal.

Estados e municípios

O Rio de Janeiro em 2018 foi a primeira capital a banir os canudos plásticos. Em São Paulo a legislação municipal que trata das sacolas disponíveis em supermercados e estabelecimentos comerciais, prevê que os mesmos só podem oferecer sacolas reutilizáveis do tipo biodegradável, feitas a partir de material bioplástico, como cana de açúcar.

Em 2019 o munícipio de São Paulo aprovou uma lei proibindo a distribuição de canudos plásticos em restaurantes, bares, hotéis e salões de eventos, estabelecendo que eles podem ser trocados por outros materiais descartáveis, como papel reciclável e material biodegradável.

Debates e propostas com o tema antiplástico são uma tendência e estão ocorrendo em vários outros estados e municípios brasileiros.

Âmbito Federal

O Projeto de Lei do Senado nº 263 de 2018, que trata da proibição da distribuição de canudos e sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais, bem como a produção de produtos de higiene pessoal e cosméticos esfoliantes, que usam microplásticos como componentes, encontra-se em tramitação para se tornar lei.

A pressão popular é importante para que esse PL vire lei, e é possível dar sua opinião na consulta pública disponível no site do Senado. No mesmo endereço está disponível um vídeo com explicação da matéria discutida.

Leis contra o lixo plástico pelo mundo

A discussão sobre o problema do lixo plástico é mundial e vem ganhando cada vez mais força, principalmente em relação ao plástico de uso único como copos, canudos e sacolas plásticas.

Conforme os dados do estudo internacional “Limites Legais sobre Plásticos e Microplásticos de Uso Único: Uma Revisão Global das Leis e Regulamentos Nacionais”, elaborado pela ONU Meio Ambiente, em parceria com o World Resources Institute (WRI), em 2016 a produção mundial de materiais plásticos foi de 280 milhões de toneladas, sendo que em torno de 1/3 desse total foi de material de uso único, os descartáveis, que são jogados no lixo e dificilmente são reciclados.

O estudo verificou as legislações referentes ao uso plástico em 192 países. Em julho de 2018 pelo menos 127 nações já tinham aprovado alguma lei ou restrições sobre o comércio e distribuição de produtos fabricados em material plástico.

O que nós podemos fazer para ajudar a diminuir o lixo plástico nos oceanos

Confira algumas maneiras de contribuir:

Evite ou reduza o uso de materiais plásticos de uso único

Talvez seja a iniciativa mais fácil para você e a mais importante. Esse é o foco das principais discussões e leis que estão surgindo. Os plásticos de uso único incluem sacolas plásticas, garrafas de água, canudos, utensílios e quaisquer itens de plástico que são usados ​​uma vez e depois descartados.

Por exemplo, recuse o uso de canudos, sacolas, copos, talheres plásticos descartáveis. Leve com você versões reutilizáveis desses itens.

Ajude com a separação para reciclagem

Todo produto de plástico que você consumir, de uso único ou não, que sejam recicláveis, devem ser sempre separados do lixo comum para que sejam reciclados. A reciclagem ajuda a manter o plástico fora do oceano e reduz a quantidade de plástico “novo” em circulação. Informe-se no seu condomínio e na sua cidade sobre a reciclagem de plástico.

Evite produtos que contenham microesferas

Um problema crescente e preocupante são as pequenas partículas de plástico, chamadas “microesferas”, que se tornaram fonte de poluição plástica nos oceanos nos últimos anos. As microesferas são encontradas em alguns esfoliantes faciais, cremes dentais e lavagens corporais, e entram rapidamente em nossos oceanos e cursos de água através de nossos sistemas de esgoto e afetam centenas de espécies marinhas. Evite produtos que contenham microesferas de plástico, procurando por “polietileno” e “polipropileno” nos rótulos dos ingredientes de seus produtos.

Participe de grupos de limpeza

Existem vários grupos que se reúnem frequentemente para realizar a limpeza de praias, rios e parques. Participe! Ajude a remover os plásticos antes que cheguem aos oceanos. Essa é uma das maneiras mais diretas e gratificantes de combater a poluição dos plásticos nos oceanos. Você pode também simplesmente ir à praia ou via fluvial e coletar o lixo plástico por conta própria na companhia de amigos ou de familiares.

Compartilhe e conscientize

Mantenha-se informado sobre questões relacionadas à poluição por plásticos e ajude a conscientizar as pessoas sobre o problema. Dê o seu testemunho. Explique para os seus amigos e familiares como eles podem fazer parte da solução do problema.

Ajude a conscientizar as pessoas sobre o problema.

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Hora de fazer acontecer

Como vimos, o assunto “lixo plástico nos oceanos” vem ganhando cada vez mais espaço e é uma preocupação real. Se nada for feito, em poucos anos teremos uma catástrofe ambiental irreversível. Não é possível que atualmente, onde a informação está ao nosso alcance como nunca antes esteve, fechemos os olhos para problemas ambientais como esse.

Nós do EuPOSSOmudar queremos fazer parte dessa luta e convidar você a participar também. Como já tratamos em outras publicações, uma mudança de atitude que parece pouco individualmente, pode fazer muita diferença se feita por todos. Vamos repensar nossa relação com o meio ambiente.

É hora de refletir sobre que mudanças podemos fazer em nossas vidas para contribuir com o futuro do nosso planeta. Devemos compartilhar esse sentimento com nossos familiares, amigos e vizinhos. Nos tornar fonte de exemplo e ajudar a garantir um futuro melhor para as novas gerações.


IMAGENS:
Destaque: por adege de Pixabay
2 – Imagem (praia com lixo): por hhach de Pixabay
3 – Imagem (plástico boiando): por MonicaVolpin de Pixabay
4 – Imagem (praia com lixo e pessoas andando ao fundo): por hhach de Pixabay

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