Divórcio, uma “sinuca de bico”
Você se senta por um minuto na grama e olha para o céu. Tudo está calmo. Tudo parece tão pequeno. Era um dos raros dias de poucas nuvens, estava passando por tempos chuvosos. Parece que seus sentimentos também estavam como a chuva, que desce para o solo lavando toda a sujeira que passa, alagando caminhos que agora estão trancados, deixando-o parado em uma situação embaraçosa.
O divórcio exige uma transformação radical que não vem da noite para o dia. O casamento já estava se desgastando por muito tempo, e tudo já foi água abaixo. Decisões foram tomadas, mas ao mesmo tempo parece que uma teia que antes foi tecida em casal agora mostra a sua verdadeira força, de que sua vida estava mais entrelaçada do que pensava com a outra pessoa.
O seu plano de liberdade não foi concretizado. Na sua cabeça ainda passam sonhos de uma vida a dois, e você jura que encontrará uma pessoa melhor para preencher o espaço vazio que seu ex-relacionamento deixou na sua cama. Tem um sono tranquilo dormindo no sofá, enquanto ela fica no seu antigo quarto. As cobertas finalmente têm apenas o teu cheiro, as suas roupas apenas a sua medida de amaciante colocada na máquina, e o ferro de passar roupa é lembrado apenas em casos de emergência, quando já precisava sair para uma nova entrevista de emprego.
Quando você faz uma bondade, parece que está traindo a si mesmo. Quando faz uma maldade, aí sim existe uma presença maior sua, nos pensamentos raivosos, nos diversos desabafos que seus amigos não aguentam mais ouvir sobre essa relação que não é mais suportável.
“Sinuca de bico”
Esse é um dos muitos cenários da separação de um casal. As pessoas se encontram em uma situação sem saída, como diz o ditado popular, em uma “sinuca de bico”. Você já mapeou suas alternativas, voltar para a casa da sua mãe foi a primeira cogitada e também riscada. Alugar uma casa, agora que tudo está trancado na pandemia e você está desempregado, está fora do seu alcance. Você saiu para conhecer uma nova pessoa, mas nem tudo tem como dar certo de primeira, nem de segunda ou terceira. Seu estado de saúde mental oscila. Às vezes parece que está tudo bem, outras você se sente profundamente incomodado e qualquer coisa pode te irritar. Seus amigos não precisam ser o saco de pancadas dessa vez, eles nem sempre vão te aturar assim. Tem o número de um anúncio de um psicólogo na internet e você sente vontade em fazer terapia, mas sabe que seu terapeuta não tomará uma decisão por ti. Você nem quer mais falar sobre esse assunto, encontra-se saturado. Até quando irá empurrar essa situação com a barriga, e o que vai esperar acontecer para por um novo rumo à sua vida?
Momento de pedir ajuda
As pessoas que buscam o acompanhamento psicológico geralmente se encontram em uma situação desesperadora. É um momento crucial para pedir a ajuda a um especialista antes que algo destrutivo aconteça.
Nos primeiros encontros o terapeuta recebe o paciente assim como um médico recebe a pessoa que entra na emergência de um hospital. Uma triagem é feita para avaliar onde está a dor, e quais são os mecanismos de defesa para o paciente suportá-la.
Para realizar o tratamento, é preciso fazer um “check-up”, ou seja, um levantamento integral de vários acontecimentos da sua vida. O sintoma não revela onde começou o problema, ele é só uma manifestação de um nó problemático que foi tecido ao longo dos anos.
É passado para um segundo momento, o de desfiar os nós de um novelo. Para isso é necessário tempo. Adquirir confiança no processo terapêutico de que o paciente pode contar as experiências e seus devaneios que acompanharam sua trajetória. São marcas como pegadas de um caminho, daquilo que se vivenciou desde sua infância, da sua construção familiar, e fatos marcantes que já aconteceram com outros relacionamentos.
Tendência a repetir os mesmos erros
Na vida das pessoas acontecem muitas repetições e existe uma tendência a repetir os mesmos erros. Não adiantará encontrar um novo relacionamento, mudar as cartas de um jogo, quando a maneira que se joga é a mesma. Isso não significa que não deve acontecer uma mudança, mas sim ela deve acontecer junto com uma boa tomada de consciência dos fatores que levaram a situação de um amor à destruição.
A culpa não é totalmente da outra pessoa, nem da criação dos pais, ou da crise financeira do país. É necessário um processo de responsabilização pelas suas decisões.
Escrevendo outra história
A partir desse momento é que o paciente começa a se preparar para encontrar um novo solo. Estar aberto a um novo começo, e deixar de dar tanta importância para aquilo que passou e pela outra pessoa que viveu aqueles tempos. Uma página começa a virar na sua vida e você começa a se preparar para escrever outra história, a encontrar outros desafios.
O Acompanhamento Terapêutico revela essas facetas, e junto com a ajuda de um profissional, uma engrenagem que antes se encontrava comprometida começa a funcionar e a trabalhar ao seu favor.
A sinuca de bico que a pessoa se via agora parece como uma tempestade passageira, pois o mal tempo nunca dura para sempre. O sol começa a se abrir, e você já tem outros olhos para o horizonte. As dificuldades do passado se tornaram um grande aprendizado, e um novo tempo começa a surgir. Agora você está pronto para viver um novo dia de sol.
Giovanni Bombardelli Gabe
Psicólogo Clínico
Formado pela UFRGS – CRP 31.834/7
Realiza Acompanhamento Terapêutico de crianças, adultos e idosos.
Atendimento online e presencial.
Contato: (51) 99656-9361 (WhatsApp)
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